quarta-feira, 31 de março de 2010

Rebeldia Neural


Acusam-me de antes de sentenciar o mundo,
jogá-lo perversamente na cadeira dos réus e recheá-lo de sindicâncias mal elaboradas.

Ora, o que seria de mim se minha caixa neural não pusesse frente a frente numa contenda meu surto estomacal e tudo o que é capaz de sorver do banquete azedo que mundo me serve?

Por não desejar que os "porquês" morram como indigentes
e por não permitirem que o tradicional ainda permaneça obscurecendo os novos sóis cujo calor ainda não senti,
resolvo pela metade de todos os meus dias agitar com força e repetidas vezes tudo o que deve ser posto em controvérsia.

Mesmo incompletos, quem é que se contenta em sê-lo?
Quem ousa dizer que as coisas antigas jamais passarão a fim de que o que é novo em nós continue esquecido nos baús da infelicidade?

Cuidado!
Há muitas instituições no mundo que desejam que você seja uma forma fluída que toma o feitio do molde que lhe apetecem.
Para eles é melhor substituir as interrogações pela tecnologia.
É mais prazeroso um celular novo no bolso do que um homem novo no mundo.

Quanto me causo ânsia.
Há uma lâmina bem ácida saindo de minha garganta, uma rebelião do corpo contra as reivindicações do mundo.

Neste júri de clamor pessoal,
nesta sala antiga sentado numa cadeira inconsolável, preciso de que me defendam a alma.
A inocência tranqüila afasta-me da consciência de mim já que por agora sinto-me um acidente do cosmos, afinal, as vezes dou errado e por outras, enterro as riquezas que o "Dom" me fornece.