quinta-feira, 16 de julho de 2009

8.784 horas


Alyria,

Pássaro infeliz. Engaiolado?

Garça perdida. À beira do mar salgado?

Não...

Sou um animal que não bebe mais o cálice da tristeza.
Meu nome já não tem mais a ideia do Nada!

E se nas ruas arrasto minhas misérias,
vens com teus olhos perfumados fazer-me definitivo, encontrado.

Oito mil, setecentas e oitenta e quatro horas como um coral rodeado pelo mar,
nunca dentro de aquários.

Juntos num quarto pequeno,
tão profundamente pequeno...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A prece


Aconteceu que ele rezou. É a vida de quem, à sua maneira, oferece o desconhecido a Deus dia-a-dia.

Para ele, o real é uma impermanência que dura, uma versão piorada da impermanência dos homens.


Há muito que vejo sua prece vestida de dor para sagrar em nós o compartilhamento dos que o fizeram fracassar.


Deus não é de falar muito quando a Ele queremos governar, mas ontem ele deixou Deus falar.


As orações de meu pai - desavergonhadas desde sempre - me dão conclusões do ser como ele é, e de como o mundo se porta em relação ao que acreditamos que seja.


A oração combate às ilusões...


Assim, caminhando, pisaram em seu nome num papel insignificante e logo em seguida Deus dirigiu-se a ele de modo inesperado.


Previsível?
Só o real em sua impermanência e não nos fatos.

A dignidade do real está em Deus. Não por ser Deus o real insuportável, mas por Ele estar lá quando sentimos ser difícil demais.


Deus é um não sei no real.